
Recentemente, o presidente Donald Trump renomeou o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, anunciando que agora é o Departamento de Guerra. O rebatismo sugere que Trump quer um país mais belicoso, apesar de afirmar ser um pacificador. Na verdade, o governo Trump já tem um histórico notável de ações militares em várias regiões do mundo.
Trump tem praticamente implorado para receber o Prêmio Nobel da Paz, alegando que pôs fim a seis ou sete guerras em países ao redor do mundo. Ele afirma ter promovido relações pacíficas entre Israel e Irã, Ruanda e República Democrática do Congo, Armênia e Azerbaijão, Tailândia e Camboja, Índia e Paquistão, Egito e Etiópia, e Sérvia e Kosovo. No entanto, nenhum desses conflitos foi realmente resolvido. E ele não fez nada para trazer a paz em dois dos conflitos mais graves: a guerra da Rússia contra a Ucrânia e a guerra de Israel contra Gaza.
O autoproclamado presidente da paz se envolveu em uma série de atos violentos e belicosos espetaculares. Durante seu primeiro mandato como presidente, em 3 de janeiro de 2020, Trump ordenou um ataque com drones que matou o major-general iraniano, Qasem Soleimani, perto do Aeroporto Internacional de Bagdá, no Iraque. O assassinato não foi aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos e não teve a aprovação do governo iraquiano, e os Estados Unidos não estavam em guerra com o Irã. Em 22 de junho de 2025, durante a guerra entre Israel e Irã, a Força Aérea e a Marinha dos EUA atacaram três instalações nucleares no Irã, embora não houvesse uma guerra declarada contra o país persa.
Nas últimas semanas, Trump autorizou dois ataques ao que chamou de “barcos venezuelano de drogas”, supostamente operados pelo cartel Tren de Arágua. O governo dos EUA não apresentou nenhuma evidência para sustentar essa alegação. No primeiro ataque, o barco foi destruído e 11 tripulantes foram mortos em uma ação no Caribe que violou claramente o direito marítimo, o direito internacional e os direitos humanos. O Congresso dos EUA não havia sancionado o ataque. O senador republicano Lindsey Graham elogiou Trump por seu ataque ilegal e violento, escrevendo nas redes sociais: “O naufrágio deste navio carregado de drogas é o sinal definitivo — e muito bem-vindo — de que temos um novo xerife na cidade”. Trump, seu secretário de Estado Marco Rubio e seu secretário de Defesa Pete Hegseth prometeram mais ataques desse tipo contra traficantes de drogas.
A Marinha dos EUA aumentou sua presença no Caribe, onde agora conta com oito navios de guerra, um submarino de ataque e vários aviões de vigilância. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que os Estados Unidos estão preparando uma invasão ao seu país. Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, afirmou recentemente que o governo de Maduro é ilegítimo e Trump acaba de dobrar para US$ 50 milhões a recompensa pela prisão do presidente da Venezuela, a quem acusa de ser um dos maiores traficantes de drogas do mundo, trabalhando com cartéis para inundar os Estados Unidos com fentanil misturado com cocaína. Guerra com a Venezuela? Talvez. E, desde que assumiu o cargo, Trump sugeriu que usaria força militar para tomar a Groenlândia e recuperar o Panamá.
Durante meses, Trump tem autorizado ataques militares não divulgados em regiões ao redor do mundo. O Projeto de Dados sobre Locais e Eventos de Conflitos Armados (ACLED) informou este mês que, desde o retorno de Trump à Presidência, os EUA realizaram 529 ataques aéreos em 240 locais no Oriente Médio, Ásia Central e África. Esse número é próximo ao total de 555 ataques lançados pelo governo de Joe Biden durante todo o seu mandato, de 2021 a 2025.
Mas Trump não quer apenas usar as forças armadas no exterior, ele também está se preparando para entrar em guerra contra o povo americano. Agora, ele planeja enviar tropas para Chicago, assim como fez em Los Angeles e Washington D.C. “Chicago está prestes a descobrir por que é chamada de Departamento de GUERRA”, postou o chefe da Casa Branca..
Trump evoluiu para um ditador agressivo tanto no exterior quanto em casa, e caberá a nós detê-lo.
7 de setembro de 2025
Dan La Botz foi membro fundador do Teamsters for a Democratic Union (TDU). Ele é autor de Rank-and-File Rebellion: Teamsters for a Democratic Union (1991). Ele também é coeditor da New Politics e editor da Mexican Labor News and Analysis.